Por mais que o IMPÉRIO brasileiro teve suas mazelas, pelo menos em alguns assuntos eram contemporâneos no Século XIX. Leiam essa história que descreve o "respeito" que a monarquia brasileira tinha para com republicanos e ateus, e que, em muitos casos, em pleno Século XXI, continua sendo um (pré) conceito.
O IMPERADOR E MARTINS JÚNIOR*
Era Ferreira Viana ministro no gabinete João Alfredo, quando, em um concurso na Faculdade de Direito de Recife, Martins Júnior, republicano positivista, tirou o primeiro lugar em um concurso, contra o filho de um dos maiorais do govêrno na província. O Imperador defendia, a todo o transe, Martins Junior, contra os interesses do gabinete.
- Êle é republicano, majestade! - alegou Ferreira Viana.
- Isso não é razão, - contestou o monarca; - a fé republicana não o impede de ser um bom professor.
- Depois, é um ateu.
- Ainda menos, - tornou o soberano. - Todas as crenças podem ser admitidas, desde que sejam sinceras.
Ferreira Viana sentiu-se vencer, e reagiu:
- Bem. Vossa Majestade, dispensa no civil, mas eu não dispenso no religioso!
E fechou a questão.
Texto mantido original do livro: O Brasil Anedótico, de Humberto Campos, impresso em 1940, p. 11.