domingo, 29 de julho de 2012

Machado de Assis e o respeito aos velhos.

Respeito aos Velhos *

Quando o Dr. Francisco de Castro assumiu, em 1901, a direção da Faculdade de Medicina, quiz ter a seu lado, no áto da posse, o seu velho amigo Machado de Assis. Encarregado de ir buscar o grande romancista no Ministério da Viação, ia o Dr. Aloísio de Castro, então estudante, ao lado do autor do "Braz Cubas", quando, na rua da Misericórdia, começou a lamentar a desgraciosidade, do casario colonial, que tornava o caminho mais longo.
- Que casas feias!... - lamentou o estudante, numa censura de moço olhando aquela edificação secular.
E Machado de Assis, numa desculpa:
- São feias, são: mas, são velhas...

Extraído originalmente do Livro: O Brasil Anedótico, p. 18. 


* Aloísio de Castro - Discurso na Academia Brasileira de Letras, 1918.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Os altos e baixos *

Resposta do Ministro da Justiça, José de Alencar, ao ser chamado de "fanadinho" em função da sua baixa estatura.

Na sessão de 6 de setembro de 1869, atacado por Zacarias, José de Alencar, ministro da Justiça, investiu-o galhardamente. Zacarias, forte e esbelto, o havia chamado de "fanadinho", procurando ridicularizar a sua pequena estatura.
- Ora, senhores - bradou Alencar, em meio do seu discurso, - sei que alguns homens altos, e aqui há certamente dêsses, - costumam curvar-se para poderem passar por certas portas; mas os homens baixos têm esta vantagem, nunca se curvam. Quando passam pelas portas baixas ou pelas altas, como esta do Senado, trazem a cabeça erguida!

Extraído originalmente do Livro: O Brasil Anedótico, p. 18.


* Taunay - "Reminescências", Vol I,, pag. 158.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Autobiografia de HENRY ADAMS (1907)

Esta obra foi publicada, privativamente em 1907 e mais tarde, traduzida por Dalmo Jeunon. Henry Brooks Adams nasceu em Boston (1838) e morreu em Washington (1918). Nesse espaço de 80 anos, não obstante ter sido considerado como um simples e sedentário homem de letras, Adams foi um dos maiores e mais constantes viajores americanos. Suas viagens levaram praticamente a todo o seu país, México, Indias Ocidentais, Europa, Egito, Ásia Menor, Japão e às ilhas do Pacífico.

A obra apresenta um fato novo, algo interessante, a proximidade de Adams com Jean Jacques Rosseau, inclusive, influenciando os estudos do Iluminista.

Consta no Prefácio da Obra: "(...) Jean Jacques Rousseau começou suas famosas 'confissões' com um veemente apêlo à Divindade: 'Mostrei-me como era: desprezível e vil como era; bom, generoso e sublime como era. Descerrei o véu que cobria minha alma tal como Vós a vieis, ó Padre Eterno! Chamai para junto de mim a incalculável multidão de meus companheiros e deixai que êles ouçam minhas confissões; deixai que êles lamentem minha indignidade e que se enrubesçam diante de minha baixeza! Deixei que cada um dêles descubra seu coração com a mesma sinceridade quando diante de Vosso Trono e então deixai que cada um Vos diga, se a isto ousar: 'Eu era um homem melhor!" 


Fonte da imagem: arquivo pessoal sergio/elane
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quinta-feira, 19 de julho de 2012

Os Históricos*

O Marechal Deodoro jamais contestou que, até ás vésperas de 15 de novembro tivesse servido devotadamente ao Imperador. A sua adesão ás idéias de Benjamin data, talvez, de 10 a 12 daquele mês.
Certo dia, já presidente, recebeu Deodoro no Itamarati um cavalheiro que alegava  ser republicano de longa data, batendo-se pela República desde 1875.
- Pois, eu, meu caro senhor, não dato de tão longe.
E pachorrentamente:
- Eu sou republicano de 15 de novembro, e o meu irmão Hermes de 17!

* Ernesto Senna - "Deodoro", pag. 149.
Extraído originalmente do Livro: O Brasil Anedótico, p. 17.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Uma Vida Para Seu Filho - Bruno Bettelheim (1988)

Este livro foi escrito por Bruno Bettelheim (1987) e pode auxiliar pais a ajudarem os filhos a serem o que eles desejam. A criação de filhos é um empreendimento complicado: diferente para cada pai, exigente em diferentes aspectos de um  dia para o outro impossível de definir com regras rígidas, uma tarefa tão assustadora quanto gratificante. O Dr. Bruno Bettelheim - um dos mais eminentes psicólogos infantis de nosso tempo - nos dá os resultados do esforço de toda uma vida para compreender o que mais clara e crucialmente está em jogo numa criação de filhos bem-sucedida. 

Citação da obra: "(...) Quanto menor a criança, mais ela admira seus pais. Na verdade, não lhe resta alternativa; ela precisa acreditar em sua perfeição para sentir-se protegida. Em que outra imagem pode basear sua formação senão na das pessoas que agem como pais para ela? Quem mais lhe é tão próximo e importante? e se as coisas são como deveriam ser, ninguém a ama tanto nem cuida tão bem dela quanto seus pais. Toda criança deseja acreditar que é o favorito de seus pais; o medo de que possa não ser a raiz da rivalidade entre irmãos, cuja intensidade é uma medida de sua ansiedade. Os pais, naturalmente, às vezes preferem um filho aos outros, embora possam iludir-se acreditando amar todos os seus rebentos igualmente. Isso seria negar as diferenças individuais de crianças que, não sendo semelhantes, não podem ser amadas de modo idêntico pela mesma pessoa." (p. 85).

Fonte da imagem: arquivo pessoal sergio/elane
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sábado, 14 de julho de 2012

Franqueza e Prudência*

Professor das princesas, filhas de Pedro II, Joaquim Manoel de Macedo, o célebre romancista de "A Moreninha", desempenhava o seu mandato de deputado geral, quando o conselheiro Francisco José Furtado, organizador do gabinete Liberal de 31 de agosto de 1864, o convidou para a pasta dos Estrangeiros.
Recusada a honra, mandou o Imperador chamar o escritor à sua presença, e indagou o motivo do seu gesto,  quando possuía tantas qualidades para ser um bom ministro.
- Admita-se que eu tenha as qualidades que Vossa Majestade me atribue, - respondeu Macedo: - mas eu não sou rico, requisito indispensável a um ministro que queira ser independente.
E decidido:
- Eu não quero sair do Ministério endividado ou ladrão!


* Salvador de Mendonça - Artigo n'"O Imparcial", 1913
Extraído originalmente do Livro: O Brasil Anedótico, p. 15.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Alfredo de Musset - O Poeta do Amor

Este livro foi escrito por Maurice Allem e traduzido por Celestino da Silva sendo publicado em 1957 pela Editora Vecchi Ltda. Musset foi um grande poeta onde do próprio coração, extraiu a matéria para versos e prosa. Alexandre Dumas, na obra Os Mortos Vão Depressa, escreveu: "Pobre Musset! Creio que em rigor foi uma das mais desconsoladas almas da nossa época.
Citação da obra: "(...) Por mais dolorosos que tenham sido os nossos amôres, é preciso, pois, purificar-lhes a lembrança de todo o amargor e de todo o pesar." 

Fonte da imagem: arquivo pessoal sergio/elane
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quarta-feira, 11 de julho de 2012

Incapacidade não se prova com fatos!

A incapacidade de um ministro *
A demissão de Rodrigues Junior na pasta da Guerra, no gabinete Lafaiete (Brasil Império), havia constituído um escândalo nos arraiais políticos. Explicando à Câmara o seu ato, o presidente do Conselho déra a perceber que êste fôra motivado pela ignorância do seu ex-companheiro de gabinete.
- Decline V.Ex. um fato! - aparteou, furioso, o acusado.
E Lafaiete, brutal e imperturbável:
- A incapacidade não se próva com fatos!

* Alfredo Pujol - Discurso de recepção na Academia Brasileira de Letras.
Extraído originalmente do Livro: O Brasil Anedótico, p. 14.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Minha razão de viver (1988)

O livro Minha Razão de Viver - memórias de um repórter que faz parte do meu acervo e foi publicado em 1988, na sua 9ª edição. A obra foi escrita pelo jornalista Samuel Wainer (1912-1980) que foi um dos maiores repórteres brasileiros de todos os tempos, e isso já bastaria para que o país desejasse conhecer suas memórias. Grandes repórteres quase sempre se transformam em relevantes testemunhas da História, e à luz de seus relatos fica mais fácil compreender como foi certa época num determinado país, e como eram os homens a quem coube desempenhar papéis decisivos, e com se deram exatamente os fatos.

Citação: 

"(...) Getúlio tomou posse a 31 de janeiro de 1951, em meio a uma imensa celebração popular. A esmagadora maioria da imprensa reagiu com frieza, com reportagens que de modo algum refletiam o que efetivamente ocorrera. Contrariando as previsões, o presidente Dutra compareceu à cerimônia de transmissão do cargo. Getúlio entrou no Catete carregado pelo povo, foi um espetáculo magnífico. Eu sabia que contribuíra decisivamente para que aquilo ocorresse, sentia-me vaidoso. Assisti à festa no meio do povo, a sós com minha vaidade. Foram cenas rigorosamente inesquecíveis, mas a imprensa procurou ignorá-las." (p. 125) 



Fonte da imagem: arquivo pessoal sergio/elane
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segunda-feira, 9 de julho de 2012

O escravo e Dom Pedro

O escravo coroado *

Em uma das suas audiências aos sábados, em que atendia a toda a gente, recebeu D.Pedro II no Paço da Bôa Vista um preto velho, que se queixava dos maus tratos de que era vítima.
- Ah, meu Senhor grande, - lamentava-se o mísero, - como é duro ser escravo!
O Imperador encarou-o, comovido.
- Tem paciência, filho, - tranquilizou-o.  - Eu também sou escravo... das minhas obrigações, e elas são muito pesadas! As tuas desgraças vão minorar...
E mandou alforriar o preto.

Extraído do livro: O Brasil Anedótico, p. 14
(*) Taunay - "Reminescências", vol. I, pag. 107


Gregório de Mattos - Obras (1928)

Este livro é uma das publicações da Academia Brasileira de Letras, como um dos Clássicos Brasileiros da Literatura, edição de 1929 pela Oficina Industrial Graphica. Esta publicação constam poemas e sonetos do Autor relacionado às coisas Sacras e, assim, a fé e religiosidade de Gregório de Mattos para com o Cristianismo, como este soneto, oferecido a "Jesus Christo Nosso Senhor":


PEQUEI, senhor; mas não porque hei peccado,
Da vossa alta clemencia me despido;
Porque quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.


(p. 91)

Fonte da imagem: arquivo pessoal sergio/elane
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sexta-feira, 6 de julho de 2012

Lei do Ventre Livre - os bastidores da votação

SANGUE E FLÔRES*

Votava-se no Senado a Lei do Ventre Livre, a 28 de setembro de 1878. Nas tribunas do Senado, repletas, apareciam as figuras mais eminentes do mundo diplomático, e entre essas, o ministro dos Estados Unidos. A discussão do projeto, foi brilhante e vigorosa, sob a presidência de Abaeté. E quando, pela votação, se verificou a vitória de Rio Branco, o povo que enchia as galerias irrompeu em manifestações ao grande estadista, lançando-lhe sôbre a cabeça braçadas e braçadas de flôres.
Terminada a sessão, o ministro dos Estados Unidos desceu ao recinto para felicitar o presidente do Conselho e os senadores que haviam votado o projeto. E colhendo, com as próprias mãos, algumas flôres, das que o povo atirára a Rio Branco, declarou:
- Vou mandar estas flôres ao meu país, para mostrar como aqui se fez dêste modo, uma lei que lá custou tanto sangue!


* Tobias Monteiro - Pesquisas e depoimentos, p. 34. Mantida descrição original do livro O Brasil Anedótico ( p. 12).

Corpo Traído, o (1979)


Este livro foi escrito por Alexander Lowen em 1910, um psicanalista com longa experiência no auxilio a pessoas com problemas emocionais, descobriu, em seu trabalho, que muitos de seus clientes na verdade negavam as experiências, necessidades e sentimentos reais de seus próprios corpos. Nesta obra ele descreve as razões destes problemas, ilustrando com casos dramáticos. Entre os assuntos abordados neste estimulante livro encontram-se os seguintes: a capacidade que o corpo possui de se satisfazer: a relação direta entre a respiração e sensações de prazer corporal; a recompensa de aceitarmos nosso próprio corpo e a restauração da capacidade de ter prazer através de exercícios especiais. A tradução do original, em língua inglesa, ocorreu em 1967. Esta obra foi publica em 1979 pela Summus Editorial. 

CITAÇÃO

"O indivíduo desesperado geralmente não está consciente de que abriga uma força demoníaca dentro de si. Ele racionaliza a sua conduta, ou a desculpa com base na sua impotência e desesperação. Ele acha-se identificado com seu demônio e é incapaz de vê-lo objetivamente. A força demoníaca, neste estágio, é parte da estrutura de caráter da pessoa, a qual o ego tem o compromisso de defender. É como um cavalo de Tróia dentro dos muros da cidade, cujo perigo insidioso o ego falha em enxergar..." (p. 131). 


Fonte da imagem: arquivo pessoal sergio/elane
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